Caso de regulador financeiro chama atenção para epidemia de mortes por excesso de trabalho na China, um fenômeno que tem até nome: guolaosi
São Paulo - A China está em um processo acelerado de crescimento e desenvolvimento que tirou milhões da pobreza, mas está deixando outras vítimas pelo caminho.Não se trata dos mortos em obras ou vítimas da violência comum, e sim daqueles que morrem de tanto trabalhar.
Trabalhadores chineses fazem fila para o início de um dia de trabalho. A jornada chega a ter 14 horas
São 1.600 chineses por dia, de acordo com a China Radio International, controlada pelo estado. A estimativa do China Youth Daily de 600 mil pessoas por ano é levemente maior.
A indústria de brinquedos chinesa emprega 635 mil pessoas
É difícil chegar a um número confiável porque a ligação entre o trabalho e a saúde é muitas vezes nebulosa, mas alguns casos já se tornaram notórios, como o de Lin Jianhua, de 48 anos, que trabalhava há 26 como regulador do sistema financeiro oficial.
Os trabalhadores moram nas próprias fábricas em dormitórios com até 12 pessoas, de acordo com a China Labor Watch
No final de abril, ele morreu depois de passar a noite inteira preparando um relatório.
Trabalhadores fabricam brinquedos com o personagem Bob Esponja. Grandes empresas internacionais terceirizam sua produção de brinquedos para a China.
Seus empregadores lançaram um comunicado afirmando que para aprender com o caso, os chineses deveriam "ser como ele, sempre firme em seus ideiais e crenças, o interesse geral, leal à causa do partido e das pessoas, à contínua luta sacrificando tudo".
O monitoramento das condições de trabalho nas fábricas de brinquedo é feito pela International Council of Toy Industries (ICT), que é alvo de críticas
A rede social de microblog Sina Weibo, uma espécie de versão chinesa do Twitter, é cheia de relatos e reclamações de funcionários sobre empregadores que os pressionam a trabalhar cada vez mais e por longos períodos.
Sobre a indústria de brinquedos chinesa, o presidente da Abrinq afirmou ao Brasil Econômico que "uma fábrica nessas condições estaria fechada no Brasil e o dono preso"
Os chineses são acusados de não fornecer proteção adequada aos trabalhadores contra produtos químicos. A presença de substâncias nocivas já levou à apreensão de brinquedos na entrada nos EUA.
No centro financeiro de Pequim, 60% dos trabalhadores reclamam de trabalharem além do limite legal de duas horas extras por dia, de acordo com uma pesquisa realizada por Yang Heqing, reitor da Escola de Economia do Trabalho da Universidade Capital de Economia e Negócios, citada pela Bloomberg.
Os trabalhadores estão sujeitos a multas e cortes no pagamento por olhar para o celular ou conversar com colegas, segundo relatórios da SACOM e da China Labor Watch
De acordo com a SACOM, trabalhadores constantemente fazem de 80 a 100 horas extras por mês - acima do limite legal de 36 horas
A morte por excesso de trabalho tem até nome: guolaosi na China e korashi no Japão.
Mas o fenômeno não é exclusivamente asiático: em agosto do ano passado, ficou notório o caso do estagiário no Bank of America em Londres que morreu depois de praticamente virar três noites.
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